terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Pense bem antes de me abandonar, pois vc é tudo para mim...


Encontrei seu cão

Hoje encontrei seu cão. Não, ele não foi adotado
por ninguém.
Aqui por perto, a maioria das pessoas já tem vários
cães; aqueles que não
têm nenhum não querem um cão. Eu sei que você esperava
que ele
encontrasse um bom lar quando o deixou aqui, mas ele
não encontrou. Quando o vi
pela primeira vez, ele estava bem longe da casa mais
próxima e estava
sozinho, com sede, magro e mancava por causa de um
machucado na pata.

Eu queria tanto ser você naquele momento em que
parei na frente
dele. Para ver sua cauda abanando e seus olhos
brilhando ao pular nos
seus braços, pois ele sabia que você o encontraria,
sabia que você não
esqueceria dele. Para ver o perdão em seus olhos pelo
sofrimento e pela
dor por que ele havia passado em sua jornada sem fim a
sua procura...
Mas eu não era você. E, apesar das minhas tentativas
de convencê-lo a se
aproximar, seus olhos viam um estranho. Ele não
confiava em mim. Ele
não se aproximava.

Ele virou as costas e seguiu seu caminho, pois
tinha certeza de
que esse caminho o levaria a você. Ele não entende que
você não está
procurando por ele. Ele só sabe que você não está lá,
sabe apenas que
precisa te encontrar. Isso é mais importante do que
comida, água ou o
estranho que pode lhe dar essas coisas.

Percebi que seria inútil tentar persuadi-lo ou
segui-lo. Eu nem
sei seu nome. Fui para casa, enchi um balde d'água e
uma vasilha de
comida e voltei para o lugar onde o havia encontrado.
Não havia nem sinal
dele, mas deixei a água e a comida debaixo da árvore
onde ele havia
buscado abrigo do sol e um pouco de descanso. Veja
bem, ele não é um cão
selvagem. Ao domesticá-lo, você tirou dele o instinto
de sobrevivência
nas ruas. Ele só sabe que precisa caminhar o dia todo.
Ele não sabe que o
sol e o calor podem custar-lhe a vida. Ele só sabe que
precisa
encontrá-lo.

Aguardei na esperança de que voltasse para
buscar abrigo sob a
árvore, na esperança de que a água e a comida que
havia trazido fizessem
com que confiasse em mim e eu pudesse levá-lo para
casa, cuidar do
machucado da pata, dar-lhe um canto fresco para se
deitar e ajudá-lo a
entender que agora você não faria mais parte de sua
vida. Ele não voltou
aquela manhã e, quando a noite caiu, a água e a comida
permaneciam
intocadas. Fiquei preocupada. Você deve saber que
poucas pessoas tentariam
ajudar seu cão. Algumas o enxotariam, outras chamariam
a carrocinha, que
lhe daria o destino do qual você achou que o estava
salvando - depois
de dias de sofrimento sem água ou comida.

Voltei ao local antes do anoitecer. Não o
encontrei. Na manhã
seguinte, voltei e vi que a água e a comida
permaneciam intactas. Ah, se
você estivesse aqui para chamar seu nome! Sua voz é
tão familiar para
ele. Comecei a ir na direção que ele havia tomado
ontem, sem muita
esperança de encontrá-lo. Ele estava tão desesperado
para te encontrar, que
seria capaz de caminhar muitos quilômetros em 24
horas.

Algumas horas mais tarde, a uma boa distância do
local onde eu o
havia visto pela primeira vez, finalmente encontrei
seu cão. A sede não
o atormentava mais. Sua fome havia desaparecido e suas
dores haviam
passado. O machucado da pata não o incomodava mais.
Agora seu cão está
livre de todo esse sofrimento. Seu cão morreu.

Ajoelhei-me ao lado dele e amaldiçoei voce por
não estar aqui
ontem para que eu pudesse ver o brilho, por um
instante sequer, naqueles
olhos vazios. Rezei, pedindo que sua jornada o tenha
levado aquele lugar
que acho que você esperava que ele encontrasse. Se
você soubesse por
quanta coisa ele passou para chegar lá... E eu sofro,
pois sei que, se
ele acordasse agora, e se eu fosse você, seus olhos
brilhariam ao
reconhecê-lo, ele abanaria sua cauda, perdoando-o por
tê-lo abandonado.

(autor desconhecido)

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